Introdução

Biohacking refere-se ao uso da biologia com a mentalidade de um hacker. Ainda não há uma definição única e estabelecida do termo.

Biohacks prometem qualquer coisa, desde perda de peso rápido, aprimoramentos nas funções motoras até expandir a capacidade cerebral.

Além disso é um conceito muito amplo, conforme descrito pelo Instituto Rathenau: ‘O corpo humano tornou-se um objeto quantificável, uma coleção de 0 e 1 que podem ser medidos, mapeados, manipulados, monitorados e aprimorados, e sobre os quais você pode intervir, tornar mais eficiente, influenciar e controlar.

Por isso se tornou uma comunidade que mais cresce e compartilham dicas e técnicas para ajudar entusiastas a conduzir experimentos estruturados em si mesmos fora de um ambiente experimental controlado, como laboratórios ou consultórios médicos. Porém existe vários riscos e pontos de atenção, que pretendo abordar nesse artigo.

Exemplos da vida real

Um artigo de 2015 do Gizmodo entrevistou um homem que injetou um composto químico chamado Chlorin e6 em seus olhos para obter visão noturna. Parece bizarro, mas funcionou mais ou menos. Em resultado o homem conseguiu distinguir as pessoas se movendo na escuridão da noite na floresta. Isso ocorre porque o Chlorin e6 altera temporariamente as moléculas em seus olhos conhecidas como fotossensibilizadores. Isso torna as células em seus olhos mais receptivas à luz.

Porém, apesar de ser interessante você pode colocar o seu corpo exposto a sérios riscos, inserindo implantes e chips sem os devidos cuidados. Um artigo de 2018 do New York Times cobriu biohackers que inseriram chips RFID em seus corpos para acessar áreas seguras em hospitais ou colocar ímãs de aprimoramento de som em seus ouvidos para ter fones de ouvido “integrados” no corpo.

O programa chamado Victoria Derbyshire da BBC entrevista pessoas que estão inserindo tecnologia sob a pele, adotando dietas extremas e tentando mudar seu DNA. Uma dessas pessoas que a BBC entrevistou foi Liviu Babitz, ao qual implantou um chip no seu peito que simula uma bússola, assim ele pode sentir a direção norte usando a tecnologia batizada de “North Sense”. Ele inclui um chip de bússola, conexão Bluetooth e é preso à pele com duas barras de titânio como um piercing.

Outro entrevistado foi o Rich é um biohacker que faz modificações extremas no corpo. Por exempl, nos dedos, ele tem ímãs e dois chips de comunicação de campo próximo (NFC) que podem ser programados para se conectar a sites ou abrir portas de carros, entre outras tarefas.

Ele tem um chip biotérmico em seu antebraço, que pode monitorar constantemente a temperatura corporal (mas geralmente é usado em animais de estimação) e implantes de fones de ouvido diretamente em seus ouvidos.

O Biohacking pode ser seguro?

Algumas formas de biohacking podem ser seguras. Por exemplo, tomar certos suplementos ou fazer alterações em sua dieta pode ser seguro. Mesmo algumas modificações corporais, como implantes RFID, podem ser seguros quando supervisionados por um profissional médico especializado.

Infelizmente as técnicas de biohacking utilizada por pesquisadores, acabam ultrapassando certos limites éticos, por conta disso a uma briga para a regulamentação de várias pesquisas, apesar de não ser ilegal testar em você mesmo, porém a venda de medicamentos modificados ou implantes sem regulamentação se torna um crime.

Além disso, um biohacking feito de qualquer forma pode ocasionar em problemas de saúde graves e até mesmo perca de membros.

A série BioHackers da netflix, mostra o lado ético e antiético das pesquisas biológicas e as consequências na sociedade.

Como o biohacking poderia expandir a capacidade humana?

Para falarmos sobre a expansão da capacidade humana, temos que citar os implantes e para isso precisamos mergulhar no complicado mundo do biohacking para descobrir como o crescente interesse em implantes tecnológicos pode afetar os dispositivos médicos, explorar maneiras pelas quais a tecnologia pode desencadear a medicina preventiva personalizada e aprender mais sobre um rim computadorizado, ajudando a esclarecer a desidratação.

Uma nova geração de pacientes está exigindo intervenções médicas que não apenas facilitem o gerenciamento de suas condições de saúde, mas também melhorem seu dia-a-dia. Engenheiros e pesquisadores responderam com inovações futuristas que ultrapassam os limites do biohacking.

Alguns biohackings famosos:

  • Utilização de implantes computadorizados
  • Aprimoramentos genéticos
  • Criação de medicamentos para tratamentos mais complexos
  • Aprimoramento de implantes médicos
  • Aumentar a expectativa de vida
  • Neurofeedbacks para regular suas ondas cerebrais
  • E criação de remédios que aumente a capacidade cognitiva

Esse tipo de pesquisas são as mais recorrentes na comunidade de biohackers no mundo inteiro, pois descobrir formas de expandir a capacidade humana é uma tarefa do dia a dia, usando a tecnologia ao seu favor. As pessoas buscam a cura de doenças crônicas, formas de ganhar força muscular e resistência, além de aumentar sua capacidade de raciocínio através de implantes e chips cerebrais.

Se você assistiu Silicon Valley da HBO , então você já está familiarizado com as transfusões de sangue de pessoas jovens. Pois as pessoas mais velhas pagam pelo sangue de um jovem e o bombeia em suas veias na esperança de combater o envelhecimento.

Esse tratamento ganhou popularidade na área do Vale do Silício, onde as pessoas realmente pagaram para participar de testes. Embora alguns estudos limitados cite que essas transfusões possam afastar doenças como Alzheimer, Parkinson, doenças cardíacas e esclerose múltipla, essas alegações não foram comprovadas.

Apesar de não ter um beneficio comprovado cientificamente, as pessoas recorrem a isso para fugir das doenças que a velhice traz como consequência, apesar de ser muito bizarro e algo que vemos mais em filmes e séries, com certeza a procura por esse tipo de tratamento só vai aumentar com passar dos anos.

Alguns biohackers acreditam que, aproveitando a tecnologia, eles poderão viver mais, mas permanecer mais jovens . O gerontólogo Aubrey de Gray afirma que as pessoas poderão viver até os 1.000 anos . Na verdade, ele diz que a primeira pessoa que viverá até 1.000 já nasceu.

Os pesquisadores que querem combater o envelhecimento geralmente adota a abordagem de “moléculas pequenas”, que geralmente se concentra em suplementos alimentares. Famoso “fruto fácil”. Criar um suplemento de um composto vegetal chamado fisetina, observando que um teste recente (pequeno) da Mayo Clinic sugere que altas concentrações de fisetina podem limpar células senescentes em humanos, células que pararam de se dividir e contribuem para o envelhecimento.

Aprimoramento de implantes

Nos dias de hoje temos diversos tipos de implantes, desde os cerebrais que podem ajudar a drenar liquidos, os DVEs e DVPs, implantes hormonais, anticoncepcionais, diabetes e entre outros.

Com certeza com o biohacking, cada um desses implantes vão passar por aprimoramentos ou estão passando, como a criação de insulina própria para diabéticos e entre outros hackings para solucionar problemas com falta de medicamento ou até mesmo o preço exorbitantes.

Os cientistas podem produzir insulina inserindo um gene que codifica a proteína insulina em fermentos ou bactérias. Esses organismos se tornam minibiofábricas e começam a cuspir a proteína, que pode ser colhida, purificada e engarrafada. Cientistas da Genentech foram os primeiros a sintetizar insulina dessa maneira em 1979 a partir da bactéria.

Cyberbio Security como complemento

O desenvolvimento e o reconhecimento da “ciberbiossegurança” como um elemento importante na proteção de dados e produtos emergentes dos setores biotecnológicos e biomédicos se tornou um campo predominante. Embora os riscos relacionados ao acesso a dados biomédicos privados e ao roubo de dados valiosos do ponto de vista da propriedade intelectual sejam bem conhecidos e reconhecidos, a biossegurança contra invasões cibernéticas relacionadas à infraestrutura de biotecnologia permanecem amplamente desconhecidas.

Os ataques em implantes, estão sendo mais recorrentes, com o comprometimento de dispositivos inteligentes e exploração de vulnerabilidades em implantes de todos os tipos. Mas, em algumas circunstâncias, os hackers podem ter interesse e motivação.

  • Um indivíduo com um implante que está sendo alvo de um governo estrangeiro, seja para assassinato ou simplesmente para coletar informações pessoais usadas para fins de inteligência.
  • Atacantes que usam um ransomware e procuram sequestrar dispositivos e exigir um resgate até que você pague.
  • Os dados pessoais gerados pelo dispositivo são roubados e vendidos em mercados da dark web para fins de roubo de identidade.

Imagine você possuir um implante e ele ser comprometido e usado para fins maliciosos. Afinal, muitos dos problemas de segurança dos dispositivos são pela falta de uma segurança fortemente desenhada, voltado em manter um ciclo de aprimoramento constante e lançamento de patchs de correção para implantes.

Além disso, os biohackers que desenvolvem seus implantes não tem o olhar de Security by design, por isso os perigos de possuir implantes sem o minimo de segurança, pode acabar resultando em problemas futuros e vulnerabilidades que acabe sendo mais difícil de corrigir.

Muitas empresas enfrentam esses problemas também, pois sem uma metodologia de desenvolvimento seguro, muitos dos implantes acabam chegando ao mercado com inúmeros problemas de segurança.

No ano de 2016, a FDA retirou 465.000 marca-passos cardíacos implantáveis ​​da St. Jude Medical. O dispositivo era vulnerável a hackers que ajustavam os batimentos cardíacos.

Em vez de remover o marcapasso dos pacientes, a St. Jude Medical desenvolveu uma atualização de firmware. Esta atualização aprovada pela FDA aumentou a segurança para reduzir os riscos de acesso não autorizado.

Pensar na segurança cibernética é um fator primordial para o surgimento de novas tecnologias e implantes.

Afinal, marcapassos hackeados podem acabar trazendo sérias consequências para os seus usuários.

Por isso o Security by Design é fundamenta, pois ter uma segurança, tanto a nível de hardware quanto de software, deve ser prioridade em todo projeto de uma empresa. Mas, ao invés de desenhá-la somente quando uma solução estiver pronta, ela deve ser planejada ainda nos estágios iniciais.

Esse pode ser um resumo de Security by Design. É desenvolver um hardware ou software a ponto de tornar esses sistemas o mais livres possível de vulnerabilidades, trabalhando requisitos desde as primeiras etapas do projeto:

  • realização de testes contínuos de segurança da solução.
  • adoção de medidas mais seguras de autenticação (limitar quem pode mexer no projeto).
  • adoção das melhores práticas de programação para evitar vulnerabilidades.

Muitos dispositivos utilizam bluetooth para pareamento dos dispositivos, já imaginou quantas vulnerabilidades não existe? Imagine implantes de biohacking sem nenhuma segurança? A capacidade de sniffing em dispositivos como esse, acaba se tornando muito grande.

Implantes utilizados por Hackers

  • Chips NFCs para pagamentos eletrônicos
  • Chip xNT para destrancar portas, fazer login automático no computador e entre outras coisas
  • Tatuagens de NFC para controlar dispositivos
  • Implante NFC feito com arduino para controle de portas

Na maioria dos casos os implantes usados são de NFC e RFID para controlar dispositivos e automatizar tarefas, geralmente implementados pela própria pessoa ou eventos de biohacking.

Eventos como biohacking village, que está preparada para falar de pesquisa de segurança cibernética em saúde ao público em geral. O Biohacking Village traz à tona questões interessantes em biotecnologia emergente, regulamentações, fabricação médica e farmacêutica, segurança cibernética e ciência. Ao manter o pulso no ecossistema biomédico e no setor de saúde e as tendências entre os principais grupos externos, identificando oportunidades para colaborar em objetivos comuns para melhorar os resultados dos pacientes.

Além de eventos como Biohacking Conference, Biohacking Congress e Biohacking Summit que são eventos que focam bastante no tema e traz sempre grandes novidades.

Conclusão

Por isso o movimento de biohacking tem cada vez mais ganhando força, pois tem o potencial de democratizar a ciência e encorajar mais “cientistas cidadãos”. Pode ser bom assumir o controle de sua própria saúde gratuitamente, sem esperar que as grandes farmacêuticas lhe vendam algo.

Além disso, pensar em formas de segurança nesses dispositivos é uma tarefa primordial para os pesquisadores e desenvolvedores, afinal os criminosos podem utilizar isso para os mais perversos fins. Ter uma estratégia de segurança e como proteger essas novas tecnologias que estão presentes cada vez mais na vida não só de Hackers, mas da sociedade em geral.

Referências

https://gizmodo.com/this-biohacker-used-eyedrops-to-give-himself-temporary-1694016390

https://www.bbc.com/news/technology-46442519

https://www.healthcareinfosecurity.com/blogs/identifying-vulnerable-medical-devices-p-1489

https://www.digitaltrends.com/cool-tech/coolest-biohacking-implants/

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